A deputada estadual e líder do PT na Assembleia Legislativa
Isolda Dantas protocolou nesta terça-feira (1º) um requerimento solicitando o
arquivamento do pedido de abertura de uma Comissão Parlamentar de Inquérito
para investigar contratos firmados pelo Governo do Rio Grande do Norte no
combate à pandemia. O presidente da ALRN Ezequiel Ferreira de Souza (PSDB)
ainda vai analisar os pedidos tanto para abrir a I como para arquivá-lo.
O requerimento da parlamentar do PT não chega nem a entrar
no mérito dos 12 contratos a serem investigados e concentra os argumentos nos
sucessivos erros processuais que, segundo ela, desrespeitam tanto o Regimento
Interno da ALRN como a Constituição Federal.
Além de Isolda Dantas, assinam o requerimento os deputados
Francisco do PT, George Soares (PL), Kleber Rodrigues (Avante), Eudiane Macedo
(Republicanos), Vivaldo Costa (PSD), Raimundo Fernandes (PSDB), Hermano Moraes
(PSB), Ubaldo Fernandes (PL), Souza (PSB), Jacó Jácome (PSD) e Bernardo Amorim
(MDB).
O pedido de I foi protocolado dia 27 de maio e contou com
a de 10 deputados, todos de oposição e alinhados no plano nacional
ao presidente da República Jair Bolsonaro (sem partido).
De acordo com Isolda Dantas, o número mínimo de deputados
necessários para abrir uma I foi a única regra respeitada no pedido. Isso
porque, pelo Regimento Interno da ALRN, são necessárias oito s, o
equivalente a um terço do quórum da Casa, para fazer o pedido.
“Nem chegamos a discutir o mérito, que é tão mais grave que
o processo do rito processual. Nos dedicamos a analisar, primeiro, o aspecto
formal. E para a abertura de uma I são necessários três pontos: uma
quantidade mínima de deputados, prazos e um fato determinado. E não há nem
prazo nem um fato específico ou indício de irregularidade que justifique a
abertura de uma I”, disse, antes de completar:
“O que há são números de contratos, valores e matérias de
jornais”, diz.
Como exemplo, a deputada cita a I da Arena das Dunas
aberta desde maio de 2020 na Assembleia Legislativa e suspensa em razão da
pandemia. Naquele pedido havia uma fato determinado: o resultado da auditoria
realizada pela Controladoria-geral do Estado que apontava indícios de desvios
no montante de R$ 420 milhões.
“Eu li o relatório da Arena das Dunas e li esse
requerimento protocolado pela Oposição e são duas peças completamente
diferentes. Esse requerimento da I da Covid, por exemplo, é baseado no decreto
201 da Constituição Federal, que fala em crime de responsabilidade relacionado
a prefeitos. E uma I não pode tratar de crime de responsabilidade, o
instrumento correto seria um pedido de impeachment. Então, a oposição tenta
confundir crime de responsabilidade com impeachment. É uma peça muito mal
elaborada, cheia de erros que se repetem com frequência e com ausência de
elementos constitucionais regimentais”, cita.
Em relação aos prazos, o Regimento Interno da ALRN firma em
120 dias, com o tempo podendo ser prorrogado por mais dois meses. Sem prazo
definido, a oposição poderia levar a I até as eleições de 2022, caso
desejasse.
Outra falha grave apontada no requerimento assinado por
Isolda Dantas é a falta de competência dos deputados estaduais para investigar
contratos envolvendo recursos federais. Dos 12 contratos alvos oposição, apenas
o envolvendo o Hospital de Campanha que não chegou a sair do papel é que
envolveria, em tese, recursos do tesouro estadual.
– Mas até nesse caso os órgãos de controle já deram parecer
isentando o governo de responsabilidade”, afirmou.
Para a deputada do PT, não há dúvidas de que o foco da I
no Rio Grande do Norte é desviar a atenção no Rio Grande do Norte da I da
Covid que investiga uma série de indícios de irregularidades na condução da
pandemia pelo governo Federal.
– Temos muito zelo pelo que representa o instrumento da
I, que é um instrumento de minoria. Mas não pode ser banalizado, nem usado
para fins politiqueiro e muito menos para desviar o foco de outra I, como
pretende a bancada bolsonarista no Rio Grande do Norte em reação a I do
Senado, onde o Governo Federal tem sido derrotado sistematicamente. Não vamos
itir que um instrumento tão importante seja usado para essa natureza”, afirmou.
Chama a atenção ainda o caráter acusatório do requerimento
apresentado pela Oposição para abrir a I. Os deputados chegam a acusar a
governadora Fátima Bezerra de formação de quadrilha:
“Isso não é papel de I. O papel de I é investigativo
para se chegar a determinados fatos. Como está, a I é uma ação dos deputados
estaduais bolsonaristas que querem desviar o foco do governo federal”,
concluiu.